letra
Podias sentar-te, há muito que não assentamos
perceber se no trajecto
para onde vamos, também tem anos
acordei, ainda são duas da manhã
penso em nós como certezas... se vamos ser duas amanhã
matámos este ir embora, e embora não vá mudar
precisas de dizer no fundo ´até que a vida nos separe`
reconheço, algumas datas são tramadas
quando somadas são a prova de que quem vive em ti, pode ser quem tu matas
Eu vejo isto de uma forma legítima
nas vezes que se magoa o amor do outro
sendo vítima
eu sinto a quebra íntima
pressinto a dívida física
em toda a parte, quando me expresso
fica um espaço e só sai mímica
Fomos dum abraço ao embaraço tantos meses
porque é só no fim que vemos que só vivemos começos
sou um homem feito em prole de não me fazer bem
pedir desculpa custa mais do que a culpa que se tem
mas…
Não é questão de lógica é a relação morfológica
não recito ou declamo, repito o que reclamo
na verdade que nos afronta sem frente
que me desmonta e desmente
esta é a segunda a vez que eu fico assim para sempre
Neste silêncio refunda no qual tu fumas
não me interessa com quem dormes
se não fizer com que tu durmas
lembro
o teu sussurro entre os dentes
ao dares-me um riso evidente
éramos dois, mas fomos mais que muita gente
roupa a engelhar no chão
da sala ao quarto, por toda a parte
encharcados
só pressa na pulsação
conversa no pós serão
amarrados à sedução
a ver promessas
ingénuas, mas tão gémeas
na intenção
As nossas merdas, nunca mudei o que elas são
porque eu não furto ou recuso
mudo o lugar para onde elas vão
à parte do romantismo
o nosso apego,
tu sabes,
meus os cigarros
tua a cidade, e nosso o tempo
A vergonha que nos cora e nos cala, tirou-nos esse interesse
não há contexto que nos chame e invista no nosso acerto
vem o stress do drama lembrar-te qual o preço
de não apressares o teu trauma de mudares de endereço
o nosso é um quarto com eco
é o princípio do erro de quanto mais perto estás, mais eu te perco
acredita, é mais forte do que a morte, compreendes isto?
eu viver sem poder chamar um nome que ainda existe
REFRÃO
Para que lado eu salto sem cair mais vezes
Não vês como ficar nem como ser diferente
Se na hora dir embora havia a hora de ires agora
Resta-me esta canção com todo o nosso tempo
Para que lado eu salto sem cair mais vezes
Não vês como ficar nem como ser diferente
Se na hora dir embora havia a hora de ires agora
Resta-me esta canção para todo o nosso tempo
Tu viste bem que a minha falha é um atrelado
quando me deito e não reparo que a cama tem outro lado
como um dado adquirido, já pensava ´salvo seja`
mas quando a rotina arrasta, à noite boca só boceja
Não tenho, o que eu tenho é só o que eu tive
um sonho bom contigo no qual eu não me contive
escorrego e penso nisso e se a base do compromisso
é quem nos compreende ou quem compreende
que não é só à base disso
os passos fazem tantos caminhos que, aos bocados,
nós prevemos que o melhor caminho é ficarmos parados
Pausas de dez compassos, resta mais um bagaço
para me encontrar de novo num espelho com o vidro baço
É que eu chego com exigências que eu nem vivo
incoerências que eu pratico
ao fechar ciclos
no meu círculo de egoísmo
andei a fugir do sismo
agora dói como exorcismo
ao não te ter e suportar nos teus olhos o meu abismo
É normal se questionas o que nos junta
a pergunta deu-te a resposta?
Responde-me a esta pergunta
Confusa nas parecenças, há muitas que tu não vias
já é costume eu sonhar e alto e cair em marés vazias
Mas para amanhã não sei, amor, o que o mundo propõe
talvez eu seja outro para lá de onde o sol se põe
à pala da música
a conversa acaba sempre em mim
porque nela vi o meu começo
e esta começou por ti
Letra, Voz e Instrumental: Virtus