quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Deau - Ponto de Partida (c/ Keso)


Letra

Letra: Dizem-me que faltam instantes para que o show comece, O rosto finge ansiedade e nervosismo sem sucesso, Alguém na audiência comprou o último ingresso, Não sou hipócrita e confesso Que esse é o motivo principal de todo o processo. Assombra-me o medo de não corresponder com a expectativa, Só quem está no meu lugar sabe o que isso significa, Sinto flasbacks de toda a minha vida, Ecos de episódios épicos passam-me em retrospetiva. Gritam o meu nome, Aproxima-se o momento de subir lá em cima, E a performance determina a duração da minha estadia. Era a vida que eu queria, Hoje sou dependente dela, Para garantir o teto que me abriga e o sustento na panela, Não é altura para pensamentos do tipo, É incrível como a consciência invade o indivíduo Só não quero ser arguido, Quando a miséria for sentença, Como consequência Da minha falta de juízo. Julguem-me os que quiserem, Critiquem, atirem pedras, Juro que as que acertem, Eu construo um paraíso com elas. Eu Empunho o ceptro, E Assumo o repto De te tornar adepto Do projeto inserto no meu léxico, E perante o préstito modesto Que eu conservo e estimo, E para qual o préstimo a que eu me presto, É honesto e digno. Limito-me a cumprir o estabelecido: Ser transparente quando cante o que escreva, Para que me percebas e entres no meu íntimo, Vejas as velas que eu soprei; Nem todas belas, Mas superei as mazelas quando as supurei, E se saboreio os frutos do que plantei, Suporei que saberei o caminho caso me perca a meio do passeio. Eu sei o que no seio, Anseio um dia ver mais tarde. Não apressei o destino, Aprecio o que me tinha reservado, Porque é preciso saber de cor, As causas do fracasso, Para desenhar o triunfo, Com a cor da realidade em cada traço. Eu oiço, eu oiço…. A voz desses monstros, Mas hoje, mas hoje… Eu tenho de semear sonhos. Tenho um compromisso com o público, Do mais velho ao mais pupilo, Que pulsa na plateia como se tivesse comigo no púlpito. E quanto ao pulha que pilha O que eu expulso da traqueia Palpita, deturpa, mina-me à mínima hipótese que tenha, Não me contamina; Confira quem queira: Há tanta pepita na mina que, se não fica oculta, assassina A firma inteira. Sente como aplaude a plateia, E impele para que se quebre a barreira, Que nos impede de ser uma plêiade E assim vencer a expectativa, E como Pigmalião dar vida à Galateia, Que a minha imaginação lapida. O privilégio de um artista Não é o reconhecimento que a obra gera, Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela; Esse é o peso que me ditou a sina: Inspirar a criar as "Cidades Invisíveis" Que nem Calvino imagina; Porque mais importante Do que alcançar o que se aspira É fazer com que quem nos admira também o consiga. Eu oiço, eu oiço…. A voz desses monstros, Mas hoje, mas hoje… Eu tenho de semear sonhos. A mim, esses monstros também me perseguem, E , sim, inquietam-me as consequências A que estes caminhos levem. No fim, Todos sentimos o mesmo: O medo de que aquilo em que acreditamos seja um erro, Mas enquanto tiver força, tenho esperança. Portanto, com licença; A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença, Podem-me deixar de rastos, Moldar a minha essência, Mas nunca roubar o oásis Que tenho dentro da cabeça. Fazer desses putos os homens de amanhã, E ser fonte de luz para essas miúdas, como o nascer da manhã, E nas rondas noturnas, Impedir que as sombras lhes toquem os contornos das curvas como Um dos quadros de Rembrandt. Mesmo que seja vã A concretização do meu intento, Verdade não serve de alimento à boca do tempo. É isso que dá alento à minha ideia De fazer o meu 'V' de vitória Brilhar junto do teu como Cassiopeia. Eu oiço, eu oiço…. A voz desses monstros, Mas hoje, mas hoje… Eu tenho de semear sonhos. A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença. Podem-me deixar de rastos, Moldar a minha essência, Mas nunca roubar o oásis, Que tenho dentro da cabeça. O privilégio de um artista Não é o reconhecimento que a obra gera, Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela. Julguem-me os que quiserem, Critiquem, atirem pedras, Juro que as que acertem, Eu construo um paraíso com elas. Eu tenho uma teoria: Enquanto o pobre sonha, A gente rica concretiza, Mas não há maior miséria Do que não ter sonhos na vida. Por isso, eu vejo cada meta Como um ponto de partida; Acredita.

Letra: Deau Voz: Deau e Keso Beat: DJ Player Gravação: D-One e Keso Mistura: D-One Masterização: Jim Brick

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