Letra
Letra:
Dizem-me que faltam instantes para que o show comece,
O rosto finge ansiedade e nervosismo sem sucesso,
Alguém na audiência comprou o último ingresso,
Não sou hipócrita e confesso
Que esse é o motivo principal de todo o processo.
Assombra-me o medo de não corresponder com a expectativa,
Só quem está no meu lugar sabe o que isso significa,
Sinto flasbacks de toda a minha vida,
Ecos de episódios épicos passam-me em retrospetiva.
Gritam o meu nome,
Aproxima-se o momento de subir lá em cima,
E a performance determina a duração da minha estadia.
Era a vida que eu queria,
Hoje sou dependente dela,
Para garantir o teto que me abriga e o sustento na panela,
Não é altura para pensamentos do tipo,
É incrível como a consciência invade o indivíduo
Só não quero ser arguido,
Quando a miséria for sentença,
Como consequência
Da minha falta de juízo.
Julguem-me os que quiserem,
Critiquem, atirem pedras,
Juro que as que acertem,
Eu construo um paraíso com elas.
Eu Empunho o ceptro,
E Assumo o repto
De te tornar adepto
Do projeto inserto no meu léxico,
E perante o préstito modesto
Que eu conservo e estimo,
E para qual o préstimo a que eu me presto,
É honesto e digno.
Limito-me a cumprir o estabelecido:
Ser transparente quando cante o que escreva,
Para que me percebas e entres no meu íntimo,
Vejas as velas que eu soprei;
Nem todas belas,
Mas superei as mazelas quando as supurei,
E se saboreio os frutos do que plantei,
Suporei que saberei o caminho caso me perca a meio do passeio.
Eu sei o que no seio,
Anseio um dia ver mais tarde.
Não apressei o destino,
Aprecio o que me tinha reservado,
Porque é preciso saber de cor,
As causas do fracasso,
Para desenhar o triunfo,
Com a cor da realidade em cada traço.
Eu oiço, eu oiço….
A voz desses monstros,
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos.
Tenho um compromisso com o público,
Do mais velho ao mais pupilo,
Que pulsa na plateia como se tivesse comigo no púlpito.
E quanto ao pulha que pilha
O que eu expulso da traqueia
Palpita, deturpa, mina-me à mínima hipótese que tenha,
Não me contamina;
Confira quem queira:
Há tanta pepita na mina que, se não fica oculta, assassina
A firma inteira.
Sente como aplaude a plateia,
E impele para que se quebre a barreira,
Que nos impede de ser uma plêiade
E assim vencer a expectativa,
E como Pigmalião dar vida à Galateia,
Que a minha imaginação lapida.
O privilégio de um artista
Não é o reconhecimento que a obra gera,
Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela;
Esse é o peso que me ditou a sina:
Inspirar a criar as "Cidades Invisíveis"
Que nem Calvino imagina;
Porque mais importante
Do que alcançar o que se aspira
É fazer com que quem nos admira também o consiga.
Eu oiço, eu oiço….
A voz desses monstros,
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos.
A mim, esses monstros também me perseguem,
E , sim, inquietam-me as consequências
A que estes caminhos levem.
No fim,
Todos sentimos o mesmo:
O medo de que aquilo em que acreditamos seja um erro,
Mas enquanto tiver força, tenho esperança.
Portanto, com licença;
A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença,
Podem-me deixar de rastos,
Moldar a minha essência,
Mas nunca roubar o oásis
Que tenho dentro da cabeça.
Fazer desses putos os homens de amanhã,
E ser fonte de luz para essas miúdas, como o nascer da manhã,
E nas rondas noturnas,
Impedir que as sombras lhes toquem os contornos das curvas como
Um dos quadros de Rembrandt.
Mesmo que seja vã
A concretização do meu intento,
Verdade não serve de alimento à boca do tempo.
É isso que dá alento à minha ideia
De fazer o meu 'V' de vitória
Brilhar junto do teu como Cassiopeia.
Eu oiço, eu oiço….
A voz desses monstros,
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos.
A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença.
Podem-me deixar de rastos,
Moldar a minha essência,
Mas nunca roubar o oásis,
Que tenho dentro da cabeça.
O privilégio de um artista
Não é o reconhecimento que a obra gera,
Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela.
Julguem-me os que quiserem,
Critiquem, atirem pedras,
Juro que as que acertem,
Eu construo um paraíso com elas.
Eu tenho uma teoria:
Enquanto o pobre sonha,
A gente rica concretiza,
Mas não há maior miséria
Do que não ter sonhos na vida.
Por isso, eu vejo cada meta
Como um ponto de partida;
Acredita.
Letra: Deau
Voz: Deau e Keso
Beat: DJ Player
Gravação: D-One e Keso
Mistura: D-One
Masterização: Jim Brick
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