sexta-feira, 15 de junho de 2018

Valete - Samuel Mira


Letra Refrão No meio da chuva, foi lá que te vi, foi lá que te ouvi, foi lá que te vi (x2) A chuva em Chelas marcou o dia simbólico Águas a cair deram um festival sinfónico Entre o sol e a chuva que faziam o seu imbróglio Conheci-te melancólico, olhar insólito Não me calava enquanto tu mal falavas Eras de muitos olhares e poucas palavras Preso no silêncio como o poeta na praia Só te sentias livre entre vinis de Tim Maia Entre os cantos subtis de Billie Holiday Entre a matriz do Soul triste de Marvin Gaye Vi-te a germinar ideias matinais E a transformá-las em sonho e melodias celestiais Melodias de representação messiânica Que levitaram o povo como meditação xamânica Sinatra, deixavas todos siderados quando assinavas o estilo, fazendo ciladas com sílabas Lembro me quando o teu mundo desfaleceu Naquela madrugada em que o mano Snake morreu Nunca foste de exteriorizar o que tens dentro Nunca foste de divulgar o sofrimento Tanta gente a querer saber como é que estavas Tu respondias dizias sempre que estavas bem Mas eu notava como tu definhavas E vi crescer essa angústia que te tornava refém Nos teus olhos vi-te escuro, vi-te amórfico Vi-te frágil, desalentado, vi-te mórbido Era a vida levar o teu lado dócil Hoje eu sei o que é perder alguém tão próximo Conheço bem esses dias de escuridão A colisão entre a dor e a solidão Conheço bem esses dias que o caos convoca Conheço bem esses dias de Johnny Walker Vida tornou-se morteira Mas soubeste fazer da tua musica uma trincheira Foi dessa dor que saíram as melhores batidas Dessa dor saíram as rimas mais sofridas Rimas de paixão e desapego Rimas de um homem que vive no desassossego Por isso tantas relações tentadas Foram tantas mulheres, tantas relações falhadas Poucas entendem esse espírito heterogéneo Poucas entendem as inquietações dum génio Inquietações de um ser minucioso Minúcia que te deixou com esse estatuto monstruoso MC’s entre holofotes e damas Deslumbrados embebedados com 15 minutos de fama Perdem a resistência quando chegam as barreiras Não sabem com que valências é que se faz uma carreira Hoje inflamados como um faraó Amanha serão sombras, serão cinzas, serão pó Fornada de Mc’s que hoje vivem por nada Perdidos deviam estudar, inalar a tua jornada 20 anos de devoção 20 anos de esforço, luta e obstinação 20 anos de fé, resistência e persistência 20 anos de precisão, rigor e excelência Vê-os fascinados com a execução Vê-os a contemplar cada instrumental que se desdobra E a sedução dos versos na tua locução 1000 obrigados irmão por toda a tua obra

Letra: Valete

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