segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

João Tamura - Os Paraísos Segundo a Sara



Letra

singelo corpo de água onde começa o eterno, és onde nasce o universo ou regressa o inverno. como a música dança? e o que vem depois do belo? com a atenção de quem se ama e de quem se despe do céu… as milhas do teu dorso, as ilhas são as lágrimas, e ao lado do teu rosto todo o peito tem galáxias. vão-se as falácias, despimo-nos a pele, ao som de canções do Manel ou dos grupos dele. e dantes duas ilhas - verte beijos, boca, dor, à procura do amor na tela do computador. as flores de Afonso Cruz, as dores dos corpos nus, a solidão é um baile, a pele que toco em braile. aquilo que não importa: tu enterra em nós. enquanto as flores do peito brotam: tudo é terra em nós. e como os nossos pais: entre a rotina, o tempo e o medo. isto é dos homens ou dos animais... ou são o mesmo? ... rebelde peito treme tanto, cego segue o mal humano. oceânica a cólera de sermos tão em vão, na ponta dos dedos onde bate o coração. e somos vivos pelo pó dos livros e nós sorrimos até um dizer: “desisto, pára!” lábios finos, como Nilos, infinitos, sim… que pousas sobre o caos onde eu existo, Sara. braços como um deus, falsos como os meus, baços como véus, altos como céus, pássaros nossos, nós com passos nervosos… mãos, veias, ossos: é o tocar-te e que me toques. nos dias de hoje: tão sem corpo, tão sem cheiro, eles fazem música como um banqueiro faz dinheiro. e nós quando velhinhos com reformas da miséria, a fazer as coisas belas que o mundo enterra.


escrito, interpretado e gravado por João Tamura:

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