quinta-feira, 19 de abril de 2018

Os Quatro e Meia - Chorinho


Letra


Chego a casa, já perto das dez,
Venho ensopado da cabeça aos pés,
A meio caminho, furou-se um pneu,
Liguei p’ra assistência, ninguém me atendeu.

Há uma avaria no elevador,
Cai-me a mochila com o computador,
Subo a escada a olhar para o chão,
Não há luz na entrada. Que dia de cão!

Ai de mim! Que feitiçaria, macumba ou magia me tramou assim?
Ai de mim! Que raio de fado, que azar, mau-olhado me enguiçou assim?
Ai de mim!

Vou à cozinha, há um tacho na mesa
Tem massa de atum. Não há sobremesa.
Jantaste sozinha e foste dormir
Calculo o sermão que está para vir…

A sala está cheia de pelos do gato
E o raio do bicho estragou-me um sapato.
Entro no duche e abro a torneira.
Talvez aqui passe a noite inteira.

Ai de mim! Que feitiçaria, macumba ou magia me tramou assim?
Ai de mim! Que raio de fado, que azar, mau-olhado me enguiçou assim?
Ai de mim!

O banho quente podia ajudar,
Não fosse a hora de o gás acabar.
Olho o meu rosto no espelho a aparecer,
Mal me revejo. Estou a envelhecer.

Ao fundo do corredor,
Eu vejo a porta do quarto entreaberta
Vejo a luz do televisor,
Sinal de que ainda estás desperta.
Ouço, já pouco distante,
A tua voz que do quarto me chama.
Encontro-te deslumbrante
Em camisa de noite, à espera na cama!

Assim, sim! Que feitiçaria, macumba ou magia caiu sobre mim?
Assim, sim! Que fiz que levasse a que Deus te criasse perfeita p’ra mim?
Assim, sim!

Chorinho | Original "Os Quatro e Meia"

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