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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

João Tamura e Miguel Cruz - Dizer Adeus


Letra

(João Tamura) Com a demasia da vida, qual a melodia que toca a partida? A casa é uma arena vazia onde se arrasta aquilo que em mim cabia... Na outra face do sol: navegamos em barcos sem mastros. Incendia, amor, todo o meu rasto - assim como chocam os astros. Sabemos a vida de cor, vale todo o mal e eu não quero mais. Sei o lugar vil onde vais, ensina-me aquilo que sabes a mais. Os amantes não têm momento: o sentimento, o falso, a perda... E tu reza onde o mal reza, presa, ou arde como uma estrela. E o grão de filme, e o chão vil, e o mal de nós - eu sei. As limitações são o corpo, eles querem-me morto - é aquilo que é lei. E sobrevivemos com pouco. Desliga a TV, olha que ela te engana. E onde é que eles arranjam esses palhaços que em nós mandam? Não é onde eu cresci, onde eu estudei, eu sei o que eu valho. As botas e mãos que pisam os cravos ditam os ordenados... Presos na culpa do fado, nos olhos vendas, vende o tempo, cresce a renda, não a vida, vale tão pouco aquilo que temos... Falo do pouco daquilo que temos, canto o sufoco daquilo que vemos. Presos no negro do fado, venda a face e vende o Tejo. Cresce a renda, não a vida, vale tão pouco aquilo que temos... (Miguel Cruz) São difíceis estes tempos para te amar. Sou eu e tu e à nossa volta não há luz. Peço forças para te agarrar e não largar. Mas não sei bem a quem... Não sei quem se esconde por trás deste caos, que brinca com a vida e a morte como lhe convém. Até que a dor desfaça o nó das nossas mãos... Preciso de ajuda, já não sei ver. Troquei os meus olhos pelas mãos e perdi a tua. Já não tenho norte deste mar sem maré. E deixo-me levar por uma alma nua... Que me seduz e me faz acreditar que não sou ninguém... (João Tamura) Os dias agarram-se à pele: uma casa que de nós nunca sai. Os dias que rasgam a pele: uma doença que de nós nunca vai. As noites que passamos à margem, sabemos que o mar é selvagem, decoro a tua imagem, para quando mais tarde me for. Trabalho naquilo que for, naquilo que é dor, naquilo que der... Sabemos tão bem essa cor, mas nunca o sabor da neve. Lá fora falamos da greve... Mas creio que nunca acontece. À medida que o mundo nos cresce das mãos para fora chega à hora de dizer adeus, tudo em nós em breve...


Escrito e interpretado por João Tamura e Miguel Cruz;