quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

FADO DO ACOSSADO - CARLÃO


FADO DO ACOSSADO Siga para o barco hora de fugir Não quero estar aquinem quero sair Mas se ficar eu vou morrer e se bazar não vou poder ver os filhos a crescer na terra que me viu nascer Entre a espada e a parede tanta água e nós com sede É a suprema ironia e se aguentar a travessia sem qualquer anomalia já ganhei a lotaria Gastei tudo o que tinha no nosso bilhete Nem sequer tenho uma linha para coser o colete lá se vai o sainete mas não vou ao tapete e se dúvidas disso ainda te dou um bilhete No outro lado mora a minha fiança refugiado tem que pagar a esperança não escolhe a música: só ouve e dança Escapa à guerra fugindo à matança No outro lado No teu lado Encurralado Refugiado Do outro lado Ao teu lado Eu canto o fado Do acossado Uma mão puxa, outra empurra Esta mão tira, essa dá de surra Aquela voz grita aquela sussurra Aqui é tolerante e ali é casmurra Só quero uma abébia para me fazer à vida Não sou um terrorista em missão suicida O alvo à vista é trabalho para comida Fazer uma lista, pensar na dormida Não sou o lobo, não me ponhas a pele Sou o elo mais fraco no meio deste bordel Com a educação que tenho é quase cruel Não me darem um emprego que seja fiel, não quero condescendência, só perceção Alguma paciência na situação Alguma decência, compreensão Na minha urgência de uma solução No outro lado Que é este lado Encurralado Refugiado Do outro lado Ao teu lado Eu canto o fado Do acossado (Na história da humanidade Sempre houve um Refugiado Com este mesmo fado A diferença é que agora Nós temos toda a informação Do nosso lado, Do teu lado)

Música criada no âmbito do projecto "Livres e Iguais" - https://www.facebook.com/livreseiguais Título - “Fado Do Acossado” Letra - Carlos “Pac” Nobre Música - Pedro Maurício

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